Uma a cada cinco garrafas de uísque ou de vodca vendida no Brasil é falsificada. O dado consta em um estudo realizado em 2024 pela Euromonitor International para a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD).
O levantamento ainda aponta que 28% do volume de bebidas destiladas comercializadas no Brasil são objetos de crimes como sonegação fiscal, contrabando ou descaminho, falsificação e produção sem registro.
Os dois principais métodos de falsificação, comumente encontrados no mercado, são o “refil” de garrafas de marcas reconhecidas utilizando produtos de baixo custo ou a falsificação a partir do uso de álcool impróprio (metanol) para consumo humano, colocando em risco a saúde dos consumidores.
A discrepância de preços é o principal atrativo: durante o estudo, foi identificado que produtos falsificados são, em média, 35% mais baratos. Em venda online, o preço do uísque falsificado chega a ser até 48% mais barato que o original.
João Garcia, gerente de consultoria da Euromonitor, aponta fatores que mantêm o ilícito relevante na categoria de bebidas: a alta carga tributária, a dificuldade de fiscalização em grandes territórios, a sofisticação crescente das redes criminosas e a disseminação de canais de venda informais e digitais que ajudam no escoamento desses produtos.
A Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF) levantou a possibilidade de que o metanol utilizado para adulterar bebidas possa ter origem em distribuidoras de combustíveis ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC) que, após uma operação policial que coibiu o uso de metanol no combustível, teria repassado o produto para destilarias e distribuidoras de bebidas. Em coletiva no início da semana, o governador de SP descartou o elo com a facção.
Emergência médica
A intoxicação por metanol é uma emergência médica de extrema gravidade. A substância, quando ingerida, é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem provocar a morte. Os principais sintomas são:
O que dizem os órgãos fiscalizadores
O Procon-SP (estadual) informou já fiscaliza estabelecimentos que vendem bebidas como bares, restaurantes e adegas, bem como casas noturnas e supermercados em geral. E vai intensificar suas ações de forma integrada com equipes do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC), da Polícia Civil de SP.
Nas visitas reguladores do Procon-SP são verificados diversos aspectos do Código de Defesa do Consumidor, dentre eles as informações obrigatórias em rótulos e embalagens, além de checagem de notas fiscais de compras dos produtos ofertados. A fiscalização dos conteúdos é de competência do Ministério da Agricultura, mas, na ação conjunta com as forças policiais, produtos irregulares podem ser apreendidos e encaminhados para análise laboratorial. Nesta sexta-feira (03), uma operação da PF recolheu amostras em indústrias de três Estados.
do Estadão
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