Um carregamento de mais de 800 kg de cocaína foi interceptado nesta terça-feira no Porto de Santos prestes a ser transportado em um cargueiro que tinha como destino a Guiné, na costa Atlântica da África, mas que antes faria uma parada no porto belga de Antuérpia.
Essa é a maior apreensão feita pela Receita Federal no porto desde maio do ano passado, quando funcionários da Receita Federal em Santos encontraram 1.110 kg de cocaína em um navio com destino à Alemanha e que também faria baldeação em Antuérpia.
Santos, o maior porto do país, tem sido a opção preferencial dos narcotraficantes para escoar para o mercado europeu a cocaína produzida na Colômbia, Peru e Bolívia, segundo promotores de Justiça e policiais federais. No entanto, o volume das apreensões está em queda.
De acordo com a Receita, os 882 kg de cocaína estavam escondidos em uma carga de 667 toneladas de açúcar. A droga foi acondicionada em 25 contêineres.
“A droga foi cuidadosamente oculta em 20 sacas de ráfia dentro de um dos contêineres, na tentativa de dificultar ao máximo o trabalho da fiscalização”, afirmou a assessoria da Receita em Santos. A descoberta foi feita, segundo a assessoria, durante vigilância de rotina. Um cão farejador deu o alerta para a presença da droga nos contêineres.
No ano passado, números usados como referência por autoridades europeias, consideravam 1 kg da cocaína ao preço que variava de 40 mil a 70 mil euros. Por esses números, criminosos europeus teriam obtido uma receita de 35,3 milhões de euros a 61,7 milhões de euros com os 882 kg de cocaína.
Em 2021, fiscais da Receita em Santos barraram 16.917 kg de cocaína que estavam para ser transportados para o exterior. Em 2022, foram 16.075 kg. Mas em 2023, as apreensões caíram pela metade: 7.143 kg. E em 2024, até o início de julho, 1.243 kg, já incluída a carga desta terça-feira. A queda é atribuída por autoridades à busca de novas rotas por parte dos traficantes com intuito de fugir de um reforço da fiscalização.
Em 2023, a cidade de Santos foi um dos alvos de uma operação especial da Polícia Militar de São Paulo que teve como alvo, segundo o governo do Estado, enfraquecer a influência do crime organizado na região. A operação foi criticada pela alta letalidade policial. Este ano, a PM retomou a operação.
Além da ação da polícia estadual, o Porto de Santos foi um dos locais incluídos no escopo de um decreto de garantia da Lei e da Ordem, assinado em novembro pelo presidente Lula.
O trânsito de cocaína pelo Porto de Santos tem sido explorado em grande parte, segundo autoridades, por criminosos que integram o PCC, facção criminosa apontada como a principal organização por trás do narcotráfico internacional a partir do Brasil.
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